Cassiano, Eu Conto?

Primeiro Conto
Parte Três

Tinha feições estranhas, olhar macabro e respiração ofegante. Deduziria que estava fugindo, fosse talvez um ladrão ou quem sabe um ' bruxo'. Á vontade de voltar ao trabalho era intensa porém o interesse naquela fisionomia prendeu-me ao banco. O bruxo sentou-se lado oposto ao meu banco, parecendo desconfiar que eu o observa-vá. Peguei uma edição de revista que trazia em mãos e comecei a ler.
A roupa usada por este ser também levantava suspeita. Queria me aproximar e pedir uma informação sobre um enderenço, fingir-me de perdido, mas um novo rosto impediu meus passos. Dessa vez um feminino, de traços maravilhosos, olhar sensual e corpo sarado. Um beijo entre eles e já não me interessei mais.
Droga! A carga desta caneta onde escrevo estes rascunhos está em seu fim e a estante na sala dificultará a continuidade da história. Mas é preciso ir até lá, não quero parar neste instante. Aliás  Numa pausa que fiz, não mencionada no texto, os pássaros contaram algo que tenho que passar para vocês. Deixe-me trocar de caneta...
Tenho pressa, à noite cairá e não poderei continuar a escrever, ordens médicas. Já estou aqui na sala e sobre a mesa, antes que Maria traga a janta, tenho duas coisas que gostaria que soubessem:
Acordado de madrugada escuto vozes que veem a cabeça e pedem licença para matar, não sei quem, mas provavelmente é alguém que morou nesta casa ou irá morar. Um barulho tão horrível que se não fosse pela coragem de Maria, a mudança já teria ocorrido. Meu cérebro recebe essas mensagens e as armazena e algo que diz ou menos assim, escute:
" A morte vira a seu portador por meio de uma surpresa. Não tarda logo os dois estarão cara-cara. A morte, a falência e o fim de uma vida...."
Posso ser vítima das vozes e Maria, ou quem sabe você também. Nada garante que após minha partida e a de Maria, essa casa seja ocupada por sua família. É uma casa enorme, com quatro quartos escuros. É certo que você ao fazer esta leitura eu não esteja mais morando nela, portanto é meu dever comunicar como reconhecer meu lar. Vou ter ajuda descrevendo-a e se realmente estiver morando nela, saia agora mesmo do local onde se encontra ou então essas vozes irão te perseguir e uma surpresa terrível pode estar à sua espera.
Na entrada sempre existiu um vaso com uma planta, ora algumas folhas morrem sem explicação aparente e outras novas tardam a nascer, do lado de fora há uma escada, onde os degraus inclinados descem até o encontro de outras portas. O banheiro tem cores claras e não chega ser muito grande. Há luzes pela casa e no pôr do sol alguns flash atravessam a janela da sala indo de encontro com o primeiro degrau dessa escada. Como já mencionei também, existem quatro quartos, escuros...
Esperem! Maria vem trazendo o jantar e vejo-me na obrigação de parar por um pequeno momento, mas não fiquem zangados leitores, logo mais estarei contado a verdade que me trouxe a esta cadeira, paro agora e irei saborear a magnífica comida de minha querida ajudante.... hum... que delícia...

Por Danilo da Silva

Parte 4

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