Cassiano, Eu Conto?

Primeiro Conto
Parte 7


Na véspera do Natal de 1991, tínhamos acabado de fechar a edição do jornal do dia seguinte, quando os seguranças do prédio nos avisaram que na porta tinha um menino juntamente com uma senhora, que só sairiam de lá quando fossem atendidos por alguém da redação. Um colega desceu e conversou com a dupla. Doze minutos após, voltaram os três. Fomos surpreendidos por Guilly.

... lá vem Maria com os remédios outra vez interromper-me, fazer o quem tenho esta como uma de minhas últimas obrigações, tomar os remédios. Particularmente não gosto, mas, vamos lá.

Se você leitor, tivesse a oportunidade que eu tive de estar em contato com o garoto, se surpreenderiam. Seus olhos inspiravam e a doçura de sua voz acalmava o mais feroz dos homens.
Guilly era portador de uma deficiência que o impedia de ser locomover- curioso. também não me locomovo mais - a mulher era sua tia, que desesperantemente pedia ajuda, que estava ao nosso alcance. Ela contara que ele tinha seis anos quando seus pais. num acidente de carro, Guilly também no carro, sofreram a tragédia e o casal veio a óbito, ficando o garoto na situação que nos foi apresentada.
Uma surpresa nos emocionou quando a mando da senhora ele começou a cantar, nossos corações aos prantos, sentido toda aquela emoção. Cantava uma composição própria...atenderíamos o pedido.

UMA PAUSA!

Pense se hoje. algum jornal que só pensa em lucros, faria algo assim:
No dia seguinte, saiu impresso - reescrevemos a primeira página - uma nota em letras garrafais, vale a pena a reprise:

" Nos corações humanos é onde existe o amor verdadeiro pelo
que é belo é justo. Não julgo um homem por sua aparência, nem
pelo seu trabalho, modo de ser, vestir ou atos. Vejo-o como um
ser humano, que como eu bebe, respira e vive. Se eu que sou 
assim não os julgos, você também não tem razão de julgar."

E após a nota, seu nome com uma pequena foto, ao lado da foto, capa de seu CD, que com dificuldades conseguirá gravar e após seu contato.
Não preciso falar mais nada, Guilly recebeu a devida ajuda e quando precisou de nós, pode contar. Queria saber se a vida é justa, Guilly se foi à três anos, devido uma virose muito forte, ele consegui vender razoavelmente bem seu trabalho, as pessoas o conhecia e se apaixonavam. Convites para palestras motivacionais não faltava. Apareceu em programas de TV e fez várias apresentações. Ele motivava as pessoas, fazia-as crer na vida... hoje não mais.
Acompanhamos seu velória e enterro e prefiro acreditar que seus pais também. Meu coração neste momento lamenta seu destino. Ele poderia ter tido outras oportunidades para mostrar o quanto era capaz. nem tudo é ruínas, certa tarde, aqui em casa, Guilly mandou-me um recado através de um pássaro dourado. Disse que está muito bem e feliz, que agora canta para os anjos e seus pais. O mais curioso, leitor, esse pássaro que nunca tinha aparecido aqui antes, só veio desta vez.
Essa é a vida, continuemos.
Tem outra passagem em minha vida, relacionada com os Anjos, que são crianças disfarçadas e podem perceber os corações puros e sinceros. Quando pensamos nos bebês, ligamos-os aos seres celestiais, a comparação é iminente. Quando voltava para casa, após usar um telefone público, avistei um senhor em  cadeiras de rodas. Sobre suas pernas haviam panos de prato. Você começa a pensar várias coisas nesse momento, foi o que fiz. Mas de imediato minha atenção foi tomada por fortes emoções. Saía de uma padaria, uma pessoa que parecia cuidar daquela pessoas na cadeira de rodas. Em suas mãos outros panos, deduzi que forá vender na padaria, mas não sei se teve sucesso. Após sair do local, colocou o restante que trazia em mãos, sobre as pernas daquele senhor e começou, o garoto, empurrar a cadeira de rodas para um outro estabelecimento  Sim leitor, uma criança, um menino de aproximadamente 10/11 anos de idade, senão menos, empurrava a cadeira. Quem sabe aquele senhor fosse seu pai. Meu corpo ficou imóvel de emoção que acabei esquecendo o que tinha ido fazer e nem comprar o panos o fiz, fui medroso, covarde e tantos outros adjetivos, que prefiro não falar aqui.
Voltemos a história que culminará com o desfecho trágico de minha vida. Depois do incidente da jovem que queria se matar, por causa do romance rompido, do meu encontro com aquele casal misterioso na praça, desistir aquele dia, de procurar a inspiração ao romance que precisava escrever. Voltei para casa e dormi tranquilamente.
No dia seguinte chegavam vários casos à redação e um deles chamou-me atenção, muito trágico. Como repórter  fui averiguar. Foi comigo um fotografo.



Por Danilo da Silva

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