Cassiano, Eu Conto?

Primeiro Conto
Parte Nove


Setembro de 1986, algumas páginas começavam, enfim, a ficarem prontas. O livro teria mais de 200 páginas, era mais que um romance. Todos os ingredientes perfeitos para provocar no leitor choradeira. Não tive qualquer inspiração dos casos que contei até aqui, tudo veio-me naturalmente.

AMOR, OH AMOR!

O Conto estava praticamente no fim, a única cópia eu carregava a todos os lugares. Inclusive nos almoços, jantares, na redação do jornal, a todos lugares. Eu escrevia.
Não sei quem foi o infeliz, mas uma das marmitas- era uma marmiteira elétrica - que estava ligada, alguém havia esquecido, deu um curto circuito e nossa sala ficou sem energia. Como se não bastasse, um incêndio iniciara-se na sala.
Ninguém ficou ferido gravemente - não me importava se tivesse alguém ficado - apenas algumas intoxicações pela fumaça e minha história... aquela altura estava queimando em cinzas, fiquei tão preocupado com ela, que acabei a esquecendo sobre uma cadeira, perto do local onde havia começado o fogo.
Não consegui reescrever tudo a tempo e a editora cancelou o contrato comigo.
PRONTO LEITOR! Não tem mais romance, se você ficou até aqui, a procura por uma história melosa, FIM, não tem, pode parar com essa leitura agora mesmo, a única coisa que saberá de agora em diante é o motivo que me trouxe a esta cadeira de rodas.
Minha vida começava afundar diante dos fatos ocorridos. Dediquei um tempo precioso para escrever o romance e do nada um incêndio eliminou-o. Sai do trabalho naquele dia, deprimido. Ao passar por uma rua próxima ao prédio, deparei-me com um rapaz que procurava algo, pelo olhar dele percebi. Aproximei-me, ele me examinou. Não sei o que senti quando ficou fixamente olhando em minha cara. Tive vontade de falar. Mas senti-me sufocar por aqueles olhos. O que ele pensou, sequer posso imaginar.  Combinamos e fomos ao hotel, ali mesmo, na esquina.

Agora peço, por favor, leitor, não parem de ler, as aparências enganam e como podem ter observado nas descrições passadas, às vezes as coisas não são o que aparentam ser. CONTINUEM!

Ao passarmos pela portaria, abraçados, tentava o enganar até o fim, estava com um só objetivo. Chegando no quarto, o rapaz foi o primeiro a tomar banho, eu o examinava em sua carteira para tentar saber algo de sua vida, até esse momento nada, ele, desconfiava. Saiu do banho, trajando apenas uma cueca. Não posso negar que ele tinha um belo físico. Mostrou-me sua excitação, porém, quando ele ia retirar a vestimenta, pedi que não o fizesse, e que colocasse sua roupa.

TE PEGUEI!!!

... esse não era meu objetivo, aquele rapaz que era encontrara na rua, era um garoto de programa, tive que simular o interesse nele, para conseguir levar ao hotel, e lá eu faria ele me contar sua vida.
Pedi que ele deitasse à cama, enquanto eu me acomodava numa cadeira. Aquilo seria uma espécie de sessão com um psicólogo, no caso eu. Comecei o questionário.

Por Danilo da Silva

Parte 10

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