Cassiano, Eu Conto?

Primeiro conto
Parte 1

Cada fase que atravessava minha visão, era uma história que poderia sercontada pelo simples olhar nas pessoas. O rosto me dizia tudo, porém, se penetrase nos olhos desvendaria por completo os rostos que
observei em minhas caminhadas.
Não digo tudo isso agora por não poder mais adar pelas ruas ou conviver com as multidões, preciso desabafar, mas não há sequer um único ser que queira ouvir-me por achar meu comportamento parecido com o de um velho rabugento, cuja função exercida no fim de sua vida é a reclamação de tudo e de todos. Sei que sou assim.
Porém não tenho essa obrigação de contar as experiências por mim vivenciadas à alguém ou algum ser desprezível, que só conhece o valor do dinheiro e abusa do planeta como se fosse seu dono. Mas estou no fim de minha vida, e o que vou contar podera servir para alguém, não sei quem, mas alguém.
Empurro, agora, minha cadeira de rodas onde me alojei à uns 12 anos por um erro do destino. Erro esse que não apago da memória. Já que não tenho forças nos braços e custa-me ir ao pátio de minha casa observar o que contam os pássaros, mas aqui estou diante deles, são cinco, cada um de uma cor e tamanho diferente, e que todos os dias veem fazer sua visita rotineira em busca de um punhado de comida que Maria joga para eles, antes eu podia fazer isso, porém já não sinto o mesmo prazer e fico apenas a observar. Como é lindo o carinho de Maria com os pássaros! Ela tira a comida do pote e serve aos meus queridos fofoqueiros. Gostaria de comunicar ao leitor que esses pássaos passaram a fazer suas visitas diárias logo após meu retorno a esta casa em minha cadeira de rodas. Os pássaros trazem-me notícias, não essas dos jornais e tv, falam dos homens, de duas vidas. Não tenho uma explicação de como e quando eles começaram a fazer isso, mas ae estão todos, me contando, e amanhã virão também e apoiados em meus ombros contarão...
Já não me recordo da data, mas o mês sim. Era março de 1985, um dia de sol e eu acabava de sair do trabalho, estava indo buscar inspiração para minha nova história romântica realista que contaria os prazeres e aventuras de um jovem casal que tinham acabado de ser encontrar quando buscavam abrigo, para se proteger da chuva e ali embaixo do toldo de uma loja fechada, olhares cruzaram-se e ambos sentiram que tinham encontrado a alma gêmea de cada. Houve uma aproximação e beijos quentes foram trocados. Um encontro foi marcado para o conhecimento do carácter de cada um, nesse época as pessoas se importava em se conhecer, antes de irem para a cama. O encontro seria em breve.
Posso estar adiantando a causa que me trouxe para esta cadeira, cuja única coisa confortável é a almofada, mas prefiro assim, pois isso me traz sofrimento até hoje e adio, portanto, meu sofrimento. Pretendo que não confudam me confudam com alguns escritores que enrolam o leitor até o final da história para que no fim, algo sem nexo algum, seja contato, derrubando-os de suas expectativas.
No ano de 85 eu trabalhava na redação de um importante jornal de São Paulo e após o expediente corria em busca de inspiração para meus contos, naquela tarde, logo após o trabalho- lembro-me como se fosse ainda hoje- o jovem casal, após o término da chuva foram para respectativas casas, mas o compromisso que tinham marcado, para que se conhecessem melhor era logo e eu não pude deixar de ouvir o que eles falaram e no dia marcado, eu estaria lá.


Por Danilo da Silva

Parte 2

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