Cassiano, Eu Conto?

Primeiro Conto
Parte Treze

Conto Cassiano? Você contaria? Parem! Isso me tortura...PAREM! PAREM! PAREM! PAREM!!!
No farol a cor vermelha era presente, e o único veiculo que vinha lento, não oferecia qualquer perigo. Segurei  a mão de Cassiano e tranquilamente fazíamos a travessia  Como um assassino impiedoso, o motorista que vinha lento, acelerou, Cassiano percebeu... me empurrou para a calçada, ficando, ele, à frente do carro. Levantei e corri para sua direção... tarde demais. Fomos jogados longe, pois quando levantei, quase que alcancei Cassiano, para lhe tirar da frente da tragédia.
Uma estrela brilhou mais forte no céu nesta hora. Era um anjo que tinha acabado de nascer.
Cassiano estava inconsciente e o motorista fugiu. Eu não conseguia mexer as pernas. Tinha cortes horríveis no rosto. Creio que desmaiei em seguida, sendo acordado horas depois no hospital, ao lado de Maria.
Nem bem levantei às pálpebras e duas notícias fizeram-me fecha-las novamente.
Maria havia dito primeiramente que eu nunca mais poderia andar. Os médicos tiveram que amputar minhas pernas devido a gravidade dos feridos e postumamente:

- Aquela criança que estava ao seu lado, na rua, MORREU

Não coloco ponto final da frase acima, não existe fim para um anjos, eles são eternos.
Não culpo Cassiano pelo acidente. Me culpo de ter sido inútil nessa hora e nada ter feito quando o carro corria. MATEM-ME.
Voltei para casa, dias depois, com minha esposa, Maria. Ela praticamente transformou-se em uma enfermeira particular que cuida deste velho rabugento que me transformei ao longo dos anos, que agora escreve seu último livro. Cassiano poderia ser uma razão para viver mais intensamente a vida.
Meu querido teve um enterro especial, quando eu morrer estarei ao seu lado e quando Maria ir, estará ao nosso, assim como ele queria: uma família.
A vida se resumi a uma verdade muito difícil: a morte:
A falência de Cassiano, matou também tudo o que havia de bom em mim. Já não existi mais nada de bom nesse coração, que anseia sua morte. Eu não iria mais trabalhar no jornal, desistiria de tudo. Ficaria apenas como autor de livros, mas hoje, desisto dessa vida também, ao acabar esse conto, acabam-se meus trabalhos, minha vida...
Ao descer, o caixão foi iluminado pelo sol. Nesta hora Cassiano subiu ao céu, através desses raios. E lá ao lado de seus pais e em breve ao nosso lado, ele sorrirá para sempre.
Te amamos Cassiano.

Bom meu amigo leitor, que chegou até aqui, essa foi uma parte de minha vida, aquilo que eu achei importante contar à vocês. Os demais papéis estão bem escondidos nessa casa, acredito que ninguém irá encontrar.
Se você chegou até aqui, obrigado por sua paciência para ler esse conto.
Obrigado Cassiano!

FIM

Por Danilo da Silva